domingo, 4 de outubro de 2009

Festejar de olhos abertos

Ninguém ignora os gravíssimos problemas brasileiros. Fome, saúde, educação, violência, incomparável desigualdade social. Nem por isso receber no país um evento esportivo mundial caracteriza-se obrigatoriamente como ação hipócrita ou como certeza de desastres pela frente. Nem só de circo se faz uma olimpíada.

Alguém poderia com certeza afirmar que os bilhões a serem investidos nos jogos de 2016, se estes não ocorressem, seriam gastos para sanar as deficiências brasileiras? É importante lembrar das deficiências, mas não deve esquecer-se que os Jogos Olímpicos trazem também desenvolvimento, geração de empregos, e pode deixar à cidade que os acolhe bons legados.

A população pode e deve festejar, mas nos próximos sete anos deve ainda mais é ter os olhos bem abertos para fiscalizar os preparativos. Há de haver pressão pela transparência nos investimentos e nas licitações, pressão pela boa organização, pressão para que as melhorias realizadas para os jogos possam ser posteriormente desfrutadas pelo povo. E aí sim, teremos
mais motivos para festejar.

Os problemas que datam de séculos claramente não serão resolvidos em sete anos, mas nesse meio tempo as atenções mundiais voltadas ao Rio de Janeiro podem servir de incentivo para que mais seja feito.

E, claro, sediar uma Olimpíada eleva a auto-estima de toda uma nação. E por quê não se orgulhar daquilo que de bom temos? Festeja, carioca. Festeja, Brasil, que é doce a vitória. Mas não esquece de manter os olhos bem abertos nos próximos anos, para que a festa não acabe amarga.