O barulho de buzinas e motores tomavam conta da marginal parada, debaixo de chuva. Eu voltava meio despedaçada: desde o da minha vó evitava velórios, mas não poderia deixar de estar lá lhe dando força naquele momento. Ele dirigia calado e parecia perturbado - mas mesmo assim fazia questão de ir dirigindo.
Bruscamente, como que jogando tudo pro alto, cortou dois carros e virou na primeira esquina, derrapando ao parar o carro. Não posso mais com isso! Debruçou-se sobre a direção com as mãos tapando os ouvidos e as lágrimas oprimidas por toda tarde finalmente rolaram. A dor da perda. Apoiei a mão em sua nuca. Estou aqui! Mesmo despedaçada tentava acalmá-lo. Reafirmei que estaria sempre a seu lado, o ajudaria a reorganizar a vida.Apoiado em meu peito, sua respiração já se normalizava. Disse, secando seus olhos, que quando precisasse de silêncio e calma saberia onde levá-lo. Ele me apertou num abraço. Eu lhe falei de um lugar onde nos sentiríamos no deserto. Sua gratidão me confortou. Partimos em silêncio. E mais uma vez fomos engolidos pelos motores e buzinas da marginal.
terça-feira, 17 de julho de 2007
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