- e a tristeza de reconhecer nele o seu pai:
"Tá vendo tudo isso aqui? Isso aqui antes era um lixo, horrível. Tudo cheio dessas favelas que nem essas, ó. Mas aí arrumaram a avenida e começaram a melhorar. Foram expulsando esses filha-da-putas, derrubando os barracos, e aí, ó, lá pra cima tão construindo um baita condomínio bonito. Daqui a pouco chega até aqui e sai esses barracos de cá também. Quem tem uma casinha dessa daí se deu bem, valorizou barbaridade! Aí, que avenida bonita que tá pra cá, esses prédios bonitos!"
O carro passando.
Lá no fim da avenida se ergue majestosamente a ponte nova, tão esperada, com seus cabos verde-limão e sua luz que muda de cor.
Então é assim que se arruma tudo: faz a avenida, explusa os pobres das beiradas, destrói os barracos, põe condomínios de classe média e prédios comerciais em volta e está tudo certo - não precisamos mais ver a favela na volta pra casa. Temos mais uma bela avenida, e mais um hipócrita gordo e conservador passando de carro para admirá-la.
domingo, 15 de junho de 2008
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