domingo, 4 de outubro de 2009
Festejar de olhos abertos
Alguém poderia com certeza afirmar que os bilhões a serem investidos nos jogos de 2016, se estes não ocorressem, seriam gastos para sanar as deficiências brasileiras? É importante lembrar das deficiências, mas não deve esquecer-se que os Jogos Olímpicos trazem também desenvolvimento, geração de empregos, e pode deixar à cidade que os acolhe bons legados.
A população pode e deve festejar, mas nos próximos sete anos deve ainda mais é ter os olhos bem abertos para fiscalizar os preparativos. Há de haver pressão pela transparência nos investimentos e nas licitações, pressão pela boa organização, pressão para que as melhorias realizadas para os jogos possam ser posteriormente desfrutadas pelo povo. E aí sim, teremos
mais motivos para festejar.
Os problemas que datam de séculos claramente não serão resolvidos em sete anos, mas nesse meio tempo as atenções mundiais voltadas ao Rio de Janeiro podem servir de incentivo para que mais seja feito.
E, claro, sediar uma Olimpíada eleva a auto-estima de toda uma nação. E por quê não se orgulhar daquilo que de bom temos? Festeja, carioca. Festeja, Brasil, que é doce a vitória. Mas não esquece de manter os olhos bem abertos nos próximos anos, para que a festa não acabe amarga.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Curso gratuito de redação e gramática da USP com inscrições prorrogadas

Local: av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária (prédio de Jornalismo e Editoração)
Fone: (11) 3037-0618
E-mail: projetoredigir@gmail.com
Horários de inscrição: de segunda a sexta, das 10h às 14h e das 17h às 21h. Sábados das 9h às 13h.
Data: até 8/8
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Viagem a um mundo de encantos
Num grande prédio de São Paulo morava a menina, sempre cheia de livros nas mãos. Alguns andares abaixo, a tia-avó. E lá passava grande tempo a menina, escutando a tia-avó desfiar lindíssimos contos de príncipes e princesas e viajando para lugares distantes, nas lonjuras dos tempos do era uma vez.
Katia Canton, a “menina-crescida”, curadora da mostra, é especialista em contos de fadas (e apaixonada por eles), professora e curadora de arte do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP) e escritora de livros infanto-juvenis.
“Quando tive de escolher um tema para minha pesquisa de doutorado, na New York University, toda aquela bagagem dos contos de fadas da minha infância voltou à memória e foi essa temática que segui. Agora, convidada a fazer uma exposição aqui no CCBB perguntei-me como juntar arte e contos de fada novamente? O resultado é este”, conta ela.
A exposição ocupa todo o prédio do Centro Cultural, entre salas e corredores dos três andares, o hall de entrada do térreo e os corredores e cofres do subsolo. No processo de montagem, os contos de fadas iam surgindo em imagens pelas paredes, como se essas fossem as páginas em branco sobre as quais autores e desenhistas fizeram suas histórias.
Devolução de medicamentos gera segurança e economia
Onde ficam os remédios na sua casa? Provavelmente numa caixinha, no armário do banheiro ou da cozinha, locais de grande calor e umidade, pouco adequados para a conservação dos produtos.
Esse hábito de manter uma farmacinha em casa é uma das principais causas de intoxicação por medicamentos. Dados de 2006 da Fundação Oswaldo Cruz registraram 39.514 intoxicações no estado de São Paulo, das quais cerca de 40% foram causadas por medicamentos. Crianças de até quatro anos de idade, em geral, são as mais atingidas.
Esse é um dos motivos que levaram a Farmácia Ambulatorial do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC) a instalar um programa que incentiva os pacientes a devolver os medicamentos que, por algum motivo, deixaram de ser consumidos durante o tratamento.
Carlos Suslik, médico e diretor executivo do ICHC, explicou que todos os pacientes atendidos no ambulatório recebem gratuitamente os remédios necessários ao tratamento, retirando-os na farmácia com data e hora marcada ou recebendo-os diretamente em casa. Como diversas vezes esses medicamentos não são consumidos na sua totalidade, eles passam a ser um problema, tanto pelo risco de automedicação, quanto pelo de ocorrer um descarte inadequado, que ocasiona problemas ambientais.
Os medicamentos que são agora devolvidos ao HC passam por uma avaliação de suas características. Aqueles que ainda estão em boas condições são encaminhados para outros pacientes. Os demais são descartados devidamente, recolhidos por empresa especializada e encaminhados para incineração.
Em quatro meses, 957 pessoas aderiram ao programa e 14.030 unidades de diversos tipos de medicamentos foram devolvidas. Somente são recebidas as devoluções dos pacientes do próprio HC. “Quem é atendido aqui tem uma numeração, com a qual podemos rastrear o medicamento devolvido e controlá-lo. Também não teríamos estrutura para atender mais pessoas”, explicou Suslik. Passam em média 3 mil pacientes pela farmácia do ICHC para retirar seus remédios por dia.
Além de segurança, o programa gera economia: desde sua implantação, R$ 120 mil foram poupados, dinheiro que retorna em melhorias para o hospital. Entretanto, o ponto central, como ressalta o diretor, “não é a economia, mas segurança dos pacientes”.
Para Maria Cristina De Nadae, diretora da Farmácia Ambulatorial, o ideal seria comprar em qualquer drogaria medicamentos fracionados. Já que isso não ocorre, “deveria ser como bateria de celular, quem forneceu ter a responsabilidade de recolher e dar o descarte adequado”.
Cristina acredita que agora, com a divulgação do programa, todos vão começar a se perguntar: “E os remédios lá de casa?”, e que dessa forma a questão da devolução de medicamentos deverá em breve ser discutida no Conselho Regional de Farmácias, visando à implantação do programa em mais locais.
Emiliane Silva Santiago, estudante da pós-graduação em farmácia da USP, foi ao HC devolver os medicamentos de um vizinho, que os recebe em casa para o tratamento da diabetes, mas não os consome. Ele chegava inclusive a distribuir os remédios para amigos e conhecidos. Emiliane estava já há meses tentando devolvê-los em algum lugar. “Fui a várias UBSs (Unidades Básicas de Saúde), mas nenhuma aceitou.” Para ela, é muito importante a divulgação do programa e a conscientização das pessoas de que guardar uma farmacinha em casa é muito perigoso. “Toda unidade de saúde deveria receber devolução de medicamentos.”