sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Acordo internacional facilita combate ao tráfico de seres humanos

Cooperação entre FMUSP e Universidade de Granada avança na identificação genética de crianças desaparecidas

Matéria da Revista Espaço Aberto, novembro de 2009
Por Mariana Franco


Ao final do primeiro dia de palestras da I Jornada Internacional Sobre Desaparecimento e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 6/10, foi firmado um acordo de colaboração entre a Faculdade de Medicina da USP e a Universidade de Granada, Espanha, para o projeto DNA – Prokids. O projeto pretende lutar contra o tráfico de seres humanos mediante a identificação genética das vítimas, principalmente menores, e seus familiares.

Jose Lorente, do Departamento de Medicina Legal e Forense da Universidade de Granada, explicou que estrangeiros menores de idade que entram ilegalmente na Espanha têm garantidos por lei a permanência no país e o acesso aos direitos básicos como alimentação e educação. Isso faz com que muitas crianças e adolescentes, provenientes principalmente da África, cheguem sozinhas ao país, atravessando o Estreito de Gibraltar, para que depois de completar a maioridade, possam trazer também seus familiares.

Esses menores, sozinhos em um país desconhecido, são presas fáceis para aliciadores que os levam para a exploração sexual ou para a adoção ilegal. Existem ainda redes bem estruturadas de tráfico de seres humanos, e a Espanha é um destino conhecido de imigrantes para exploração sexual – lembramos ainda dos casos de brasileiras impedidas de entrar no país por suspeita de irem para trabalhar na prostituição.

“Lamentavelmente não há muitos casos de cooperação entre a polícia europeia e a de outros países na questão de imigração e desaparecimento de menores nas áreas fronteiriças. Há casos em que localizamos as menores como objeto de exploração sexual, mas é muito difícil identificar em seus países suas famílias. É necessária a utilização de técnicas de DNA ou de fotografia para permitir essa identificação”, relata Lorente.

“O Dna – ProKids é um programa que pretende ter dados de DNA das crianças de todos os países do mundo, principalmente daqueles que estão fora de suas famílias, em abrigos ou nas ruas, para cruzar esses dados com os de famílias que perderam seus filhos. Isto deve ser feito dentro de cada país, com programas como o Caminho de Volta, e dentro de uma cooperação internacional. O acordo que se firmou aqui é para facilitar o trabalho nessa área”, conclui.

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